Ao adentrar a grandiosa Basílica de São Pedro, o olhar é atraído para a imponente Pietà de Michelangelo, guardada por um vidro que protege sua beleza há mais de 500 anos. A Virgem Maria, com doçura e força inigualáveis, sustenta em seus braços Jesus, seu amado filho, descido da cruz. Apesar da dor; não há amor mais perfeito. E ali, naquela cena eterna, Maria revela a vocação mais profunda da mulher: ser no seio da família o sustento silencioso, o colo que consola, a fortaleza que permanece de pé mesmo quando tudo parece ruir. A mulher, moldada por Deus para amar e proteger a vida, é chamada a imitar Maria — a Rainha das Famílias — na missão sublime de gerar, educar e formar seus filhos na fé e na esperança. A Pietà não é apenas uma obra de arte; é a mais pura expressão da alma feminina em sua missão na família: amar até o fim, crer contra toda esperança, e, mesmo na dor, permanecer fiel.
Lá Pieta- Michelângelo- Basílica de São Pedro
Em profunda sintonia com este chamado divino, o Papa Francisco, desde o início de seu pontificado, elevou e defendeu o papel feminino, reconhecendo que as mulheres são guardiãs insubstituíveis da vida e da fé no mundo e, sobretudo, no lar. Ele entendeu que toda renovação da Igreja e da sociedade passa pela mulher — pela mãe que reza, pela esposa que sustenta, pela filha que ilumina. O Papa abriu caminhos inéditos para a presença feminina no Vaticano, não apenas como um gesto de justiça, mas como um reconhecimento da missão essencial da mulher: ser luz, ternura e sabedoria no seio da família humana. Quando o pontífice confia à mulher espaços de responsabilidade na Igreja, ele reafirma sua missão primeira e mais alta: formar corações, transmitir a fé e sustentar a esperança — como fazem silenciosamente milhões de mulheres dentro de suas casas, nas pequenas tarefas diárias, onde a grandeza é muitas vezes invisível aos olhos do mundo, mas preciosa aos olhos de Deus.
Histórias como a de Barbara Jatta, nomeada em 2017 como a primeira mulher a dirigir os Museus do Vaticano, revelam essa harmonia entre missão familiar e missão no mundo. Barbara, mãe de três filhos, é o retrato da mulher que, sem abdicar de sua identidade materna e feminina, contribui para a edificação da cultura e da fé. Sua presença delicada e firme à frente dos tesouros da Igreja é um testemunho para as novas gerações de mulheres: é possível ser mãe, esposa, profissional, cuidadora do lar e guardiã da beleza universal. Cada escolha de Barbara, entre a maternidade e a carreira, entre o lar e o trabalho, mostra que a mulher virtuosa, com sua inteligência e amor, estende os limites do lar para o mundo, sem jamais perder sua identidade sagrada como formadora da família.
Barbara Jatta- Diretora dos Museus do Vaticano
O Papa Francisco, em cada discurso e cada gesto, reafirma que as virtudes femininas — paciência, compaixão, fortaleza, doçura — são indispensáveis para a renovação da sociedade e da Igreja, porque são indispensáveis para a saúde espiritual das famílias. Ele entende que o berço de toda grandeza humana é o colo de uma mãe, o olhar atento de uma esposa, o cuidado silencioso de uma mulher que transforma cada ato cotidiano em um gesto de amor eterno. A mulher que se dedica à família, que honra seu esposo, educa os filhos na fé, que sustenta o lar com sua oração e seu amor, realiza a mais alta das vocações e molda, silenciosamente as novas gerações de almas generosas.
Assim como abraçou a vocação feminina, Papa Francisco estendeu sua ternura também às crianças, reconhecendo nelas os futuros guardiões da fé e da esperança. No Primeiro Dia Mundial das Crianças, realizado em Roma em maio de 2024, mais de 70.000 crianças de todo o mundo foram acolhidas com festa e fé. Francisco recordou a todos que cada criança é um dom sagrado confiado primeiramente às famílias — e, especialmente, às mães, e aos pais, que são os primeiros educadores e protetoras da inocência. A missão materna e paterna é, portanto, inseparável da missão de transmitir a fé e formar os corações para Deus. Cada abraço, cada história contada, cada oração ensinada pelas mães constrói o mundo do amanhã, moldando as almas desde os primeiros passos.
Momentos de pura doçura marcaram esse amor do Papa pelas crianças. Em 2015, durante sua visita à Filadélfia, a bênção concedida ao bebê vestido de “mini Papa” se tornou um símbolo de sua ternura e da importância da infância. Aquele gesto simples é um chamado às mães e às famílias: acolher a infância com reverência, proteger a inocência como um tesouro e formar as crianças na fé desde o berço. Cada criança abençoada é um milagre a ser guiado, e é a mulher — pela força do amor maternal — quem mais intimamente participa dessa formação silenciosa e eterna.
“Bebê papa” e papa Francisco
Em 2018, outro momento inesquecível: o encontro com Emanueli, o menino que, entre lágrimas, perguntou ao Papa se seu falecido pai, ateu, poderia estar no céu. Francisco, com a ternura de um verdadeiro pai, acolheu-o em seus braços e respondeu-lhe com a sabedoria dos céus: “Deus tem o coração de um pai”. A cena, tocante, revela a necessidade de educar as crianças para confiar no amor misericordioso de Deus, missão que cabe, aos pais e à mulher — aquela que, no seio da família, transmite a primeira imagem da ternura divina aos filhos. A fé plantada no coração infantil floresce principalmente através do testemunho e do amor materno.
Ao contemplarmos todas essas histórias — a Pietà, as mulheres que brilham na Igreja, o carinho do Papa pelas crianças — entendemos que o Papa Francisco nos lança um grande apelo: para que as mulheres, especialmente as mães, retomem com vigor e alegria sua missão insubstituível de guardiãs da vida, da fé e da esperança no coração da família. A mulher, como Maria, é chamada a ser coluna firme do lar, mestra de fé para os filhos, esposa que fortalece, mãe que consola, filha que inspira. A verdadeira renovação da sociedade começará nos lares onde mulheres virtuosas cultivarem o amor, a oração e a esperança como flores preciosas diante de Deus.
Menino Emanuelle é consolado pelo papa
Porque é na família, sob o cuidado amoroso da mulher, a força e proteção do pai zeloso que germina o futuro da humanidade. É no colo das mães que alimentam a alma com fé que a harmonia é celebrada. A união conjugal se fortalece, as relações se frutificam e nascem as almas amorosas. é na fé transmitida no lar que a fé se renova, e é na delicadeza da alma feminina que Deus encontra solo fértil para realizar Suas maiores obras.
Há um santuário no coração da mulher que crê. Nele, ela carrega a missão sagrada de amar, cuidar e ensinar — com mãos que bordam o destino dos seus com fios de ternura e fé. Ao instruir o filho no caminho do bem (Provérbios 22:6), ela planta eternidade em passos pequenos. É na simplicidade dos gestos diários que ela exala sua virtude: ao amar, acolher, edificar, conforme a sabedoria de Tito (2:3-5), ela se torna mestra da luz, moldando gerações com graça silenciosa. E feliz é a mulher que crê (Lucas 1:45), pois em seu ventre floresce a promessa, e em sua alma repousa a esperança. A mulher virtuosa não apenas vive — ela eleva. Seu lar é altar. Seu amor é oração. Sua existência é cântico suave que ecoa no coração de Deus.
